26 de janeiro de 2016

Chapada Diamantina - BA

A tão esperada visita à Chapada Diamantina finalmente aconteceu! Vou fazer um relato breve pois a ideia é deixar postado aqui o acesso aos tracklogs que eu registrei nessa viagem.

Aproveitando minhas últimas férias 'escolares', encaramos, eu e meu namorado, os mais de 1000km de carro partindo de Vitória - ES, numa tocada só até Ibicoara-BA, nosso primeiro ponto de parada. Pobre na estrutura comercial, Ibicoara conta com umas 5 pousadas e 2 hotéis e se você chegar lá em período turístico sem reservas pode ser que fique sem lugar pra dormir. Nos arrumamos num dos hoteis, com acomodações bem simples e donos atenciosos. Ibicoara pegava fogo quando chegamos, literalmente... Por conta das secas, as queimadas eram constantes e pudemos testemunhar uma montanha inteira em chamas, as cinzas 'choviam' pela cidade durante o dia, triste de se ver.
Por lá fomos à Cachoeira do Buracão, a única que tivemos a obrigatoriedade do guia (R$35,00/pessoa) pois é parte do Parque estadual. Então nem gravei tracklog...
Aproveitando o percurso da ida ao buracão vale muito a pena conhecer a Cachoeira Licuri, já que é bem próximo no trajeto, não precisa de guia, a caminhada é curta e recompensadora. Dica: não leve o guia do buracão no seu carro se quiser aproveitar pra parar na Licuri na volta (sim eles vão no carro dos clientes...)!
Cachoeira do Buracão vista de cima
Cachoeira Licuri
Ainda tínhamos a cachoeira da Fumacinha pra ir em Ibicoara, mas por conta da falta de chuvas por lá nos informaram que ela estava praticamente sem água. Então bolamos a estratégia de parar novamente em Ibicoara no caminho de volta ao ES, só pra fazer esse roteiro e fechar a viagem com chave de ouro! Bem, era o plano...

Seguindo, de Ibicoara passamos por Mucugê, um passeio rápido pela cidade com calçamento de pedra e a parada clássica no cemitério Bizantino. Não achamos muito mais o que fazer por lá e seguimos viagem para Igatu, nosso destino final do dia.

Cemitério Bizantino
Chegar em Igatu é interessante. A estrada de pedra estreita com passagem pra apenas um carro em boa parte dos 2km de acesso, alem do "portal" de pedra que dá a sensação que não passa caminhão ali nos faz logo perceber que estamos num cantinho peculiar. Ficamos hospedados na Pousada/abrigo de montanha Xique-xique, do Rafael e da Vanessa, casal 10, O Rafa além de escalador é responsável pela abertura de boa parte das vias por lá e também dono do "Igatu Escalada Trekking". Demos a sorte de conhecer o Rafael no roteiro do Buracão lá em Ibicoara e já fomos com endereço marcado! rs Ponto pra nós!

A Vila de Igatu era local de garimpo de diamantes no século XIX e tinha um povoado com cerca de 9000 habitantes. Com o fim do garimpo houve o declínio da cidade que hoje conta com cerca de 300 habitantes, deixando por lá muitas ruínas das remotas casas construídas de pedras.


Os setores de escalada em Igatu são muito perto. 5 minutos de caminhada leve e já está ali o setor principal de esportivas com diversas vias de varias graduações. Sendo assim, chegamos as 15h, deixamos as coisas na pousada e 15:30h já estávamos no setor Labirinto aclimatando nos quartzitos/arenitos! Nos dias seguintes também demos uma passada pelo Verruga. Os tão famosos boulders de Iagtu ficaram pra próxima visita (quem sabe até lá eu já consigo mandar um V1)! ;)
Daniel na Manga do céu - 7B (BR), setor Verruga.
De Igatu fomos para Andaraí pernoitar e deixar o carro a nossa espera enquanto atravessávamos o - enfim - Vale do Pati! Pegamos um transporte de nos pegou em Andaraí e levou até o início da trilha em Guiné. Conhecemos o Luís, nosso motorista, em Igatu e deixamos tudo acertado. A ideia inicial era fazer Capão - Andaraí, mas remanejamos pra melhorar a logística e o acesso. (Contato: Luís 75-982545792). Ele levou junto o amigo Jota-jota (ou JJ) e a conversa pelo caminho foi ótima e com muitas informações (esquerdinhas, direitinhas, subidinhas... haja memória pra tanto beta do JJ!).
Deixei o carro estacionado aí por 4 dias... ai que medo! 

O primeiro trajeto e tracklog: Guiné até a Casa da Dona Raquel, lugar onde ficamos hospedados no Pati. Sim, hospedados com conforto, quarto privativo (com luz LED gerada pela energia solar), cama de casal, travesseiros, colcha, toalhas, chuveiro, fogão à lenha. Isso porque optamos apenas pelo pernoite, sem café da manhã e janta. Lembrando que por lá tudo só chega transportado por mulas.

Foi bem decepcionante chegar no mirante e não ver absolutamente NADA. O tempo estava fechado, já vinhamos pegando chuva fraca no percurso até lá e o ânimo diminuiu bastante ao pensar que talvez não fosse abrir nos próximos 4 dias que pretendíamos ficar por lá... Mas, com ajuda do mapa e de informações dos que cruzavam o caminho, chegamos sem maiores dificuldades.

Choveu a noite toda.

Amanheceu tudo encoberto...

Janela do quarto no Pati, abrindo o tempo.
E deu um dia ótimo de trilha e visual!! UFA! Enfim conseguíamos ver: estávamos mesmo no meio do vale do Pati! =D Que lugar LINDO! Dai em diante chovia a noite toda, amanhecia encoberto mas sempre abria o suficiente pra caminhar e curtir o lugar.

Visual do Vale do Pati

Cachoeirão por cima

Entrada pra gruta no alto do Morro do Castelo

De Andaraí fomos pra Lençóis, por lá deu pra curtir bastante climb nos aglomerados do Serrano, ir ao topo do Pai Inácio, conhecer a Gruta Azul e a Gruta da Paixão. Lençóis foi o lugar mais caro em termos de hospedagem e alimentação, mas nós demos um jeitinho de economizar e alugamos uma casinha bem simples (tipo simples MESMO) que saiu melhor que encomenda!

Gruta azul
Foto de celular do guia local.

Visual do Pai Inácio

Eu na Pedal Verde - 6º, Setor do Corredor.

Demos uma esticadinha de lá até o capão pra conhecer mas é até difícil descrever o Vale do Capão! Bom, certamente o lugar com mais 'bixo grilo' que eu já vi. Meio confusa, eu diria... Mas só almoçamos por lá e fomos fazer a trilha do Morrão/Águas Claras que foi super legal! Acampamos por lá e voltamos no outro dia.

Trilha com o Morrão à esquerda

Hora de partir de Lençóis, decidimos e voltar a Ibicoara para fazer enfim a cachoeira da Fumacinha. Agora tem água né, choveu todos os dias praticamente, tem que ter enchido a cachoeira! Fomos, achamos o lugar, chegamos a noite pra montar acampamento e começar a trilha no dia seguinte, que gastaria 5h de pernada só de ida. Choveu a noite toda... e a manhã também... mas 10 minutos de intervalo nos fizeram pôr as mochilas nas costas (agora com barraca) e começar a caminhada... por uns 600m só, até descobrir que o rio de tão cheio transbordou e inundou toda a trilha e o acesso ao redor. :/ Até tentamos esperar pra ver se baixava, mas o Mario, morador local e dono do camping, nos disse que naquela quantidade de água levaria uns 3 dias pra baixar. O que baixou foi a tristeza de levantar acampamento e partir da Chapada Diamantina sem ver a famosa cachoeira. Enfim, vamos ter que voltar! rs ;p

Mais 1100km de carro e de volta a Vitória.

Foram 19 dias de viagem. Por causa das chuvas alguns roteiros tiveram que ser deixados de lado ou remanejados, mas deu pra aproveitar bastante tantos os trekkings quanto as escaladas!

Até a próxima!



Os Tracklogs que eu gravei estão disponiveis em:
http://pt.wikiloc.com/wikiloc/user.do?name=maria+Julia+woelffel+Busato&id=1537867

(lembrem sempre que os caminhos errados tambpém ficam registrados, rs)

Links úteis:

http://www.igatuescalada.com/
http://www.guiachapadadiamantina.com.br/
http://www.eene.com.br/oguia.php
https://www.facebook.com/Abrigo-de-Montanha-Xique-Xique-145209322308857/?ref=ts&fref=ts